sexta-feira, 29 de junho de 2007

Combate na rebentação...a prova dos 9




....Já me sentia cansado, com todo o corpo dorido, a mente, essa, estava num estado de extase total, uma alegria que me contagiava o corpo, e me dava força para continuar.


A cada rebentar de numa nova vaga na areia, a névoa da maresia esbatia-se sobre mim, os salpicos de espuma e água aterravam na minha cara e nas minhas mãos...eu enchia os pulmões com aquele cheiro que tanto gosto, o cheiro da maresia, o perfume da rebentação oceânica.
Há cerca de duas horas que tinha descido a falésia e posto os pés na areia da praia, a maré estava a encher, o mar trazia vagas com cerca de 2 metros, que partiam ao embater na areia, a temperatura estava amena, não corria um pingo de vento.... o mar estava de feição.
E estava mesmo, as minhas costas já se recentiam com o peso dos dois robalos de 2 e 3 kilos e das duas várias de 1 kilo que já lá moravam....começava bem a minha noite de estreia no spinning (com S...), uma nova modalide de pesca para mim, já tinha batido todos os meus recordes pessoas até á data, toda uma vida, tantas noites e dias perdidos a fazer das coisas que mais gosto...pescar, tanto esforço em vão, para ser numa reviravolta compensados num par de horas, ainda com a condição de maçarico...
Mas qualquer coisa dentro de mim ainda me dizia que a noite não tinha acabado. Algo iria acontecer...eu sentia que algo me iria por á prova...
Já na volta de retorno até á subida da falésia preparo-me para fazer um dos últimos lançamentos da noite, antes de lançar a amostra, ligo a lanterna e dou uma vista de olhos no seu estado...faltavam bocados de tinta, as fateixas já não picavam bem...tinha vindo para a praia nova, mas num ápice pareceu que ganhou 1 ano de uso intensivo em cima...as lutas tinham sido rijas...A pequena amostra de plástico que tão bem imitava um peixe azulado com um nadar irregular, como se estivesse ferido, ainda teria a verdadeira prova pela frente...
Desligo a lanterna, meto a amostra a cerca de 15 centimetros da ponteira da minha caninha Vega Combat spin de 3 metros, e faço um lançamento....deixo a amostra voar apesar de não a ver, quando a linha deixo de sair da bobine do carreto, fechei o mesmo e começo a recolher...
Faço o pequeno carreto Shimano Exage girar com uma velocidade certa, não muito rápido, não muito devagar....a que eu sentia que era a melhor, e ia dando pequenos toques rápidos e secos com a ponteira da cana, quase junto á areia e virado de lado para o mar...
Passaram cerca de 20 segundos..e nada,
"Mais uns 10 segundos e amostra está fora de água" pensei eu
De repente, sinto uma força a prender a amostra
"Pedra" pensei eu
Mas de repende a "pedra" ganhou vida...
Senti um aumento de pressão, e instintivamente puxei a cana para trás num movimento rápido e seco, não exagerando muito....e o que se seguiu foi música
A mais bela música que um pescador desportivo pode ouvir, o som da linha a sair do carreto a uma velocidade incrível, o "cantar" da embraiagem do carreto, enquanto o meu adversário me levava linha.
Era agora, o momento que eu tanto tinha ambicionado, que me fizera perder tantas horas, e eu tinha que lutar com ele sozinho, ele era o Mar...
Aliviei a um pouco a embraiagem, e começo a recolher linha quando o meu adversário me dava chance para tal, quando ele arrancava eu apenas rezava para que tudo se aguenta-se no sítio...
A cana vergava a cada arranque, eu sentia a força, a força de algo que não se quer prender, que não pode se pode dar ao luxo de desistir
Subitamente apercebo-me que se realmente queria tirar o que quer que estivesse do outro lado da rebentação cá para fora precisava de ajuda, com uns quantos berros chamei o meu camarada de pesca, a minha voz tremia num misto de ansiedade, alegria, adrenalina, e o medo que tudo pudesse acabar com um "TRACKK" de uma linha a partir, com o desferrar do meu adversário e com a horrivel sensação de se deixar de sentir vida do outro lado...
Fui recolhendo....quando o tinha mais próximo, ele arrancava outra vez mar adentro, e eu voltava a recolher, mas por sorte...por milagre até, apesar de ter feito uns valentes erros, consegui traze-lo até á margem, era agora a pior parte....
Uma grande faixa prateada cintila na area meio dentro de água, meio fora, eu com a ânsia de o puxar para fora de água, recolho com mais força, uma onda forma-se e cai sobre o meu adversário, sentido-se de novo no seu meio, arranca com uma força que eu ainda não tinha sentido, um arranque final...
Levou linha....mas felizmente a embraiagem do carreto e a cana fizeram o seu papel...voltei a recolher, mas desta vez depois de mais uns berros como "Não vou conseguir!" "AJUDA-ME!" entre outros, o meu camarada já estava ao pé de mim...
...Assim que o voltei a encalhar o meu camara pricipa-se e lá consegue prende-lo, vendo a onda que aí vinha, lá consegui dando-lhe umas quantas biqueiradas po-lo acima da linha de água...
....Quando finalmente pudemos olhar bem para ele ambos ficamos supresos..
Era um enorme robalo, dos maiores que eu já tinha visto, ergo o grande peixe...o meu valoroso adversário que por vontade do destino perdeu a luta...desta vez.
Explodi de alegria....é por momentos destes....que passo horas de bom grado junto ao mar :D




...Lembrem-se, acreditem, e façam o que gostam, mais tarde ou mais cedo, serão recompensados...

Até á próxima maré alta

Russo




segunda-feira, 18 de junho de 2007

Shortbus





Shortbus... sem dúvida alguma um dos filmes da minha vida.

Porquê Shortbus? primeiro quero que todos o vejam... Como alguém me disse: "este filme fez-me rir e fez-me chorar!".
Quase que me arrisco a dizer que foi o filme da minha vida, todas as mensagens que transmite são valiosas e são de relevar.O filme é um conjunto de metáforas que nos remetem para uma realidade real, desculpem a repetição, real no sentido em que essa mesma realidade é mais real e mais próxima do que pensamos que ela possa ser. Conseguimo-nos por no lugar das personagens, e pensar como elas e ver como todos temos algo em comum com aquelas histórias. Histórias essas, que se encontram todas num bar de nome Shortbus, em que os problemas são falados não há tabus, nem medos, nem receios, há sim liberdade e muito respeito.
Este filme valoriza sobretudo a liberdade de expressão, é uma forte critica à sociedade e a muitos dos valores que, erradamente, estão em nós incutidos e sobre os quais nem sequer nos questionamos.
Depois de ver o filme percebi que também me fez rir e chorar, existe algo em comum entre eles. Não pensem que chorei, apenas gostei do que vi e do que senti e de toda a envolvência do filme.

Uma grande lição de vida é dada no filme. Temos de perceber e pensar muita coisa para entender shortbus, ele vai fazer-nos pensar olharmos pra nos e pensarmos na quantidade de coisas que escondemos de nós próprios e escondemos dos outros. A partilha o facto de dividirmos as nossas coisas com outra pessoa (de preferência alguém especial) irá fazer de nós melhores pessoas e vamos conseguir mudar porque gostamos de alguém. Dêem tudo o que têm de melhor a quem vos der o que de melhor tem, e serão recompensados!

Vejam shortbus e chorem por tudo de bom que existe na vossa vida!
Guerreiro.. o fantasminha camarada!

Amor Parte II



Pegando no post da Greg....que depois de ler me fez pensar bastante, decidi opinar sobre o assunto.

O Amor...do post da Greg, o que me fez pensar mais, foi o facto de, como ela disse e bem, o que é que nos faz amar alguém? Mesmo que essa pessoa nos magoe, e acima disso, o que é que nos faz dizer "Amo-te" mesmo que por vezes nos estejamos a sentir tão mal, com algo que a pessoa que ama-mos nos fez, ou por não fazer algo que nessa mesma altura no fundo queriamos que fizesse.

Confuso? Certamente.

Quantas vezes, demonstramos, apesar de estarmos magoados que realmente amamos a outra pessoa...Quantas vezes não sentimos aquele frio, aquela tristeza, que se apodera de nós quando queremos ouvir, receber, sentir uma prova de amor da outra pessoa...por vezes são mesmo os pequenos promenores que fazem toda a diferença.

Eu acho que se pode comparar uma relação a uma rosa. Porquê uma rosa? Porque no fundo tentamos atingir a flor dessa mesma rosa, flor essa que é a felicidade vivida a dois, mas para lá chegarmos, temos que ir subindo a pouco e pouco o caule da roseira...e por vezes lá nos picamos nos espinhos que esta tem. Mas é mesmo assim, porque quando realmente nos amam, e quando realmente amamos, cada picada num espinho é compensada por um gesto, uma carícia, um momento de amor (com ou sem sexo :P) da outra parte, da outra pessoa, que nos dá força para continuar a escalada, sem nunca desistirmos.

E até mesmo quando chegamos á flor da roseira, não nos podemos esquecer que temos que regar essa flor, deixa-la apanhar sol, e por vezes deixa-la saborear o vento, dando o espaço necessário á outra pessoa. Isto se queremos que as coisas resultem...


...Mas afinal de contas isto é apenas a minha opinião...cada um de nós terá uma diferente, por isso partilhem, todos temos a ganhar com isso!


Vão regando a vossa roseira, tratem cada corte num espinho com um gesto de amor, amem....e sejam amados ;)


Até á próxima maré alta pessoal..


Assinado: Russo