quarta-feira, 11 de junho de 2008

No fim do Mundo


Um arrepio.
Era apenas o que ele sentia naquele momento.
Sozinho na ponta do Mundo, naquele sítio, onde a Terra acaba e o Mar começa, aquele lugar medonho, onde as vagas queriam engolir tudo o que tivesse ousadia de ser.
O Sol tinha deixado de brilhar, ali apenas uma ténue luminosidade se atrevia a fazer ver entre a névoa salgada que o Mar cuspia pelas rochas acima, como um gigante enraivecido.
Sentiu-se só.
Até o próprio medo tinha saído daquele lugar, daquele momento, ele quase que podia sentir o tempo a parar como aquele arrepio que lhe subia pela espinha....que o tentava colar à Terra...seria a gravidade? O que seria? Talvez o Mundo que ele achava que conhecia não passa-se de um sonho demasiadamente elaborado, vez e vez sem conta...
Essa força inundou-o, não fez um esforço para a mandar embora, deixou-se absorver, consumir por ela. O Tempo deixou de ser Tempo, os ponteiros até poderiam andar para trás, ele deixou-se estar, naquela paz assustadora, desesperante, naquele gelo que lhe toldava as ideias, que o anestesiava.
A Luz começava pouco a pouco a ceder, o Breu iria ser senhor daquele sítio no fim do Mundo dentro de poucos momentos.
Ele deixou-se estar, estava demasiado cansado para sair dali, estava demasiado cansado para sentir ou para se preocupar.
Um relâmpago riscou o Céu, para o lembrar que estava vivo, e que esse sentimento de inexpugnabilidade não era para ele, não era para aquela altura.
Abriu os olhos.
Deixou-se estar, a fitar e a perder-se no negrume que pairava por cima dele como um martelo dos próprios Deuses prestes a desabar em cima daquele sítio, no fim daquele Mundo.
Imaginou uma companhia, um anjo vindo de outro mundo qualquer, e que se senta-se junto dele.
Imaginou, imaginou, imaginou....mas por fim a noite caiu, dilacerando até essa última e desumana réstia de esperança.
Levantou-se, beijou a chuva que agora fustigava aquele sítio esquecido pelos Homens, bebeu dela, e seguiu o seu caminho, de volta a um Mundo que apesar de não ser o dele, era onde pertencia....


Ass: Russo

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá, amigo, Custa-me ver-te assim triste... Sabes que me custa... Estarei sempre aqui para te ajudar, para te apoiar quando mais precisares, porque os verdadeiros amigos não partilham apenas os momentos de alegria. Dizes qúe sou o teu anjo da guarda...e eu tentarei sê-lo sempre...desejando a tua felicidade.
Um beijinho.

Unknown disse...

OI nao te conheço mais tive um sonho exatamente igual ao seu comentário,,,,,chego a me arrepiar só de lembrar. osimara2009@hotmail.com .