sábado, 19 de julho de 2008

Testemunhos


Chegou à estação dos comboios, como já era habito, depois de uma viagem de autocarro que detestava, mas que até nem se importava muito, a música do mp3 sempre ajudava.
Era um daqueles dias de Primavera que ainda trazem o Inverno de mão dada.
Céu cinzento e a ameaçar tempestade, mas com algumas abertas que deixavam entrar a luz do Sol do fim da tarde como se vitrais de uma catedral se tratassem.
Atravessou o hall principal e as escadas rolantes até ao apeadeiro, como já era hábito deu-se no meio de uma multidão de gente apressada, de todos os diferentes feitos, já faziam parte daquela rotina, ele não...ele ia sempre devagar.
No fundo não queria ir ter com ela, passavam-lhe sempre os mesmos os mesmos pensamentos e sentimentos, as mesmas ilusões.
Naquela estação criava-se sempre as mesmas expectativas, que hoje seria diferente, que seria recebido com carinho e amor verdadeiro, como ele sempre sonhara, e não com laivos de desprezo e desatenção.
Não era mais do que um castelo de areia feito à pressa para rapidamente derreter nas ondas do Mar.
Sentou-se enquanto se fazia horas para o comboio partir, o Sol já se escondia lá longe no Oeste, deixando o dia envolto naquela luminosidade mágica que ele adorava, tudo se resumia a contornos, a formas, os detalhes que fazem alguém feio ou bonito perdiam-se...
Fitou a linha férrea que ia em direcção a Norte, a Lisboa, pareceu-lhe imensa, infinita até, poisou então os olhos no display afixado por cima da linha: - "Roma-Areeiro" dizia, era a paragem final daquele comboio.
"Não é onde vou sair..." pensou ele.
Achou-se fraco, no fundo apetecia-lhe explodir e dizer toda a verdade, como se sentia, como queria amar e ser amado, e que afinal não era bem essa a sua realidade e que vivia numa mentira, claro que ele sabia que lentamente ele caminhava para o fim desse "amor", que definhava aos poucos, como uma árvore que deixa de chegar à água.
Voltou a olhar para o display...
"Por vezes as paragens onde a vida nos traz, não são o nosso destino final.." disse para si mesmo em voz alta. A frase soou-lhe bem na altura.
Não podia estar mais certo...

Continua à procura da sua paragem final, do Amor, do seu grande Amor, e da felicidade e paz.
Um dia...chegará...

Russo

Até à próxima Maré Alta

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bonito, amigo. Desejo com todas as minhas forças, com toda a força da nossa amizade, que encontres esse Amor.
No fundo, todos procuramos esse Amor. Uns encontram mais cedo que outros, outros não seguram aquele que têm e há outros ainda, que chegam a perder a esperança de o encontrar.
Nunca percas essa esperança, porque é a esperança que nos faz levantar todos o dias e lutar por aquilo que são os nossos sonhos.

Um beijo gigante