sexta-feira, 25 de julho de 2008

Num dia qualquer


Sentou-se, e pediu um café.
Deu-se num dos maiores cafés da Capital, numa das ruas mais movimentadas, entreteve-se a observa a multidão.
No entanto a ideia de que estava ali sozinho teimava em deixa-lo respirar por um momento, sentia-se diferente da esmagadora maioria de casais, ou grupos de amigos que estavam naquele sítio, a aproveitar mais um solarengo dia de Verão.
Apetecia-lhe partilhar as suas histórias com alguém.
Os seus olhos poisaram numa rapariga jovem, provavelmente teria a sua idade, e que, para seu espanto estava ali também ela, sozinha.
Mas porquê?
Distraído ao pensar nos "porquês" foi apanhado no olhar da tal rapariga, os seus olhos giraram rapidamente tentando parecer que tinha sido o acaso. Mas tarde demais...
Quando deu por si, era ela que olhava na sua direcção, levantou-se...
- Olá, posso-me sentar?
As palavras saíram-lhe de rompante, atabalhoadas e descoordenadas.
- Err Sim Sim, claro podes!
- Hm...posso saber porquê?E já agora como te chamas?
A que ela respondeu uma naturalidade que o impressinou
- Isso importa?
- Não, quer dizer importa, ou de-
Ela cortou-lhe a palavra rapidamente
- Importa realmente??
- Err..acho que não.
- Estava ali sozinha e apeteceu-me conversar com alguém, dias como estes devem ser partilhados não é? Não te conheço de lado nenhum, mas isso não importa, afinal não temos nada a perder não é?
- Sim acho que sim, é que não tou habituado a ser..err..abordado? Desta maneira, pensava que só nos filmes é que alguém conhecia alguém assim.
- A vida é um filme...então que fazes aqui?
- Nada, vim dar uma volta, vim conhecer Lisboa.
Mas quem era esta personagem, não me conhece de lado nenhum e faz-me perguntas com as maiores das calmas...
No fundo até estava a gostar da sua companhia.
- A sério? Eu conheço bem Lisboa, como a palma da minha mão, gosto de todos os seus cantinhos secretos, ás vezes venho passear pelo que já conheço, faz-me sempre sentir bem, e nunca me canso!
- Eu vim à procura desses mesmos sítios, já agora o meu nome é
Mais uma vez cortou-lhe a palavra.
- Isso não me interessa para nada, não preciso de saber o teu nome, aproveita a tarde, queres conhecer Lisboa, conhecer o que eu mais gosto?
Riu-se...
- Bem, porque não?
Passearam, cruzaram olhares,as mãos, beijaram-se, dois estranhos num mundo ao contrário, esqueceram o tempo e as regras e fizeram aquilo que muitos ambicionam e não alcançam, perderam o medo...e foram felizes....num dia qualquer.

Russo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma história tão simples e tão envolvente.
Não direi que é de amor, mas de paixão... Afinal, a paixão é mais simples que o amor, embora menos envolvente.
Mas a vida também é feita de paixão, e são momentos como este que nos deixam a pensar que a vida nos pode fechar portas, mas abre outras.
Há coisas que só acontecem uma vez na vida, não acontecem mais...